Quase dois anos após o início da crise sanitária que afetou o mundo, não é surpresa para ninguém os impactos negativos causados pela pandemia da covid-19. Como já é de conhecimento geral, grande parte das empresas observaram queda em seu faturamento e complicações para gerir seus processos – tanto operacionais quanto de pessoas. Mas o que desejo reforçar nesse artigo é que esse impacto é especialmente desafiador para os pequenos e médios negócios.
Pensemos, por exemplo, na realidade de um negócio cuja equipe é enxuta e cujo faturamento foi afetado pela desaceleração econômica. Como lidar, por exemplo, com o afastamento de um colaborador que contraiu o vírus da Covid sem que haja capacidade de ampliação do quadro de funcionários?
E isso sem falarmos nos problemas que fazem parte do dia a dia “normal” de uma empresa: adoecemos, temos dias de baixa produtividade, afastamentos por questões familiares. Só que se tudo isso estava alocado em um grau de previsibilidade no planejamento do negócio, com a COVID-19 (e seu impacto econômico) o grau de incerteza gerencial se ampliou de modo significativo.
Para se ter uma ideia, em junho de 2021, os pequenos negócios estavam faturando 43% menos do que no período pré-pandêmico, de acordo com resultados de um levantamento realizado pelo Sebrae, com parceria da Fundação Getulio Vargas (FGV). Além disso, em 2020, mais de cinco milhões de pequenas empresas tiveram seu funcionamento afetado pela pandemia, enquanto que mais de 10 milhões tiveram de interromper suas atividades temporariamente.
Tecnologia e adaptação
Diante desse cenário de enorme dificuldade, os pequenos negócios tiveram de se adaptar para sobreviver – e muitos deles, infelizmente, não conseguiram. Com a necessidade do distanciamento social e todos os protocolos de enfrentamento à pandemia, gerir processos e pessoas se tornou um grande desafio para as PMEs, visto que estes negócios contam com menos recursos financeiros que pudessem ser direcionados para expandir o número de colaboradores de uma equipe de modo a se implantar, por exemplo, uma rotatividade entre os funcionários e não sobrecarregá-los.
Para superar esse cenário, basicamente, as empresas tiveram de contar com si mesmas – uma vez que os incentivos e suporte do poder público foram insuficientes e mal distribuídos. Uma saída encontrada pelas PMEs foi a digitalização de parte de seus processos.
O lado positivo é que hoje, a transformação digital (em diversos processo, do contábil ao marketing) hoje já se tornou viável para as pequenas e médias empresas, dado o avanço de empresas e startups que oferecem soluções de baixo custo ou mesmo gratuitas!
A partir do uso de ferramentas tecnológicas, é possível equilibrar as demandas de trabalho e minimizar o impacto de afastamentos que foram agravados no contexto de pandemia. Além disso, a automação de processos também gera uma redução de custos e do tempo dedicado com atividades diretamente relacionadas à operação.
Em resumo, todos os benefícios propiciados pelo uso de tecnologia estão voltados para a obtenção de melhores resultados no fim do dia – não por acaso, 78% das pequenas e médias empresas de maior crescimento investem em tecnologia. Tais recursos foram importantes principalmente em um momento mais que desolador para boa parte destes negócios – muitos abandonados à própria sorte em uma situação sem precedentes.
Portanto, neste último biênio foi possível perceber a falta de suporte – financeiro, estrutural, fiscal – dado às PMEs no Brasil, que tiveram de se equilibrar em uma corda bamba, com pratos nas duas mãos para sobreviver à crise.
Se por um lado uma pandemia e a consequente crise sanitária não estão sob o nosso controle, criar estratégias de gestão para diferentes cenários é essencial para o sucesso de qualquer empresa. E isso é especialmente verdade no Brasil em que, além de lidar com desafios intrínsecos ao mercado, temos de enfrentar um ambiente de negócios que, como se sabe, mais atrapalha do que impulsiona o empreendedorismo.
